segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Vamos para Ibitipoca!

Feriadão chegou e mais um viagem surgiu, foi assim que aconteceu ano passado em 12 de outubro. O melhor de tudo é que seria feriadão mesmo, pois dia 12 caiu em uma sexta-feira e dia 15 de outubro (segunda-feira) foi dia do comércio e dia do profissional de informática, ou seja, dia de folga para nós dois!

O local escolhido dessa vez foi Ibitipoca, lugar maravilhoso que eu já conhecia (estive lá em 2008) e queria voltar. Ainda bem que Junior é dos meus e topa tudo! rs

Conceição do Ibitipoca é distrito do município de Lima Duarte, localizada a sudeste de Minas Gerais. Os primeiros relatos sobre a região são de 1692 e, no século seguinte a região atingiu mais de cinco mil moradores em decorrência da procura pelo ouro. Mas após a descoberta do mineral em abundância em “Vila Rica”, o êxodo foi geral. Ficou apenas a população mais humilde que não tinha condições financeiras para sair. Hoje, mais de 300 anos depois, a vila é frequentada por turistas de todo o mundo e a população não ultrapassa 2 mil habitantes.

Lugar definido, hora de procurar nossa estadia. Em 2008, como éramos em 11, alugamos uma casa e que me lembro muito bem não foi nada caro. Aliás, pelo que eu me lembrava nada na cidade é caro, tudo muito em conta. Depois de vários e-mails enviados escolhemos a Pousada Poente (que também tem a página do facebook) que pelas fotos achamos uma graça e preço bem em conta. Não lembro muito bem agora, mas como era feriado a diária era em torno de R$ 180,00 ou R$ 190,00. 

A previsão era de sair do Rio na quinta-feira a noite, mas São Pedro não ajudou. Chovia muito e até pensamos que não ia dar para fazer nada lá, liguei para a pousada avisando e a Sabrina (dona) foi super simpática entendendo bem nossas razões. Nos restava apenas aguardar a manhã do dia seguinte e rezasse para que parasse de chover.

A distância do Rio até Ibitipoca é de aproximadamente 258 km, podem colocar umas 4 horas de viagem, pegamos a BR-040 até Juiz de Fora e de lá seguimos para Lima Duarte pela BR-267. A estrada estava ótima (pegamos apenas serração na Serra das Araras e tivemos que ir bem devagar), o sol foi abrindo durante o caminho. 

Chegamos em Lima Duarte por volta do meio dia e aí começaram os problemas. Como de costume erramos o caminho (maldito GPS, mas eu não consigo largar dele) e depois de rodar alguns minutos vimos uma central do turista, Junior foi perguntar para que lado deveríamos ir. Até que estávamos certo, só demos uma volta maior para chegar. Já na estrada para Ibitipoca, após uns 10 minutos, o outro problema surgiu... Gente, a estrada é muito ruim! Apaguei definitivamente esse trecho da minha memória quando fui em 2008, até porque 4 anos se passaram e poderiam muito bem ter melhorado esse pedaço. Mas não! 



São 27 quilômetros em estrada de terra! Sobe e desce, buraqueiras e tremedeiras, coitado do Poizé (carinhoso apelido do carro)!

Finalmente avistamos a entrada da cidade e não foi difícil de achar a pousada, Sabrina explicou direitinho e até porque a vila não é grande (sim, a "cidade" é uma vila e minha memória fotográfica ajudou também). 

Definitivamente as fotos não nos engaram, a pousada é mesmo uma graça! Vista muito bonita (ficamos na suíte 1), tudo super rústico e muito confortável (adoramos a moringa de barro que tinha no quarto).

Elogios a parte, partimos para o Parque Estadual de Ibitipoca que com 1.488 hectares e altitude média de 1.500m ele protege mais de 20 cavernas, rochas, penhascos, paredões, cachoeiras, bromélias, orquídeas, cactus e líquens. A entrada fica a 3km de distância da vila, sendo assim necessário ir de carro. Existem vans que fazem esse trajeto mas não sei o valor. O caminho é bom, tudo asfaltado.

O funcionamento do parque é de terça-feira a domingo, das 7 às 18h, valor da entrada é de R$ 15,00 nos sábados, domingos e feriados. Acho um preço super justo já que o parque possui uma ótima infra-estrutura: tem um limite de 800 pessoas por dia nos finais de semana e feriados, um centro de informações e educação ambiental onde são exibidos vídeos e distribuídos mapas para as trilhas, guardas passando com motos em todas as áreas do parque. Além disso,  contamos com um restaurante localizado lá dentro (1,3km após a portaria) com cardápios variados: refeições, lanches e bebidas ( e uma bela vista do parque).

O parque se divide em 3 circuitos: Circuito das águas, Janela do Céu e Pico do Pião. Como já estava meio tarde, decidimos fazer o circuito das águas. A trilha é leve, não demora muito (5Km ida e volta) e devido ao cansaço da estrada seria a melhor opção. 

Começamos seguindo a trilha que acompanha o Rio do Salto, nesse sentido chegamos na Ponte de Pedra (parte de baixo) e depois de muitas subidas e descidas (nessa trilha existem escadas feitas de madeira e escadas feitas pela própria trilha mesmo) chegamos na Cachoeira dos Macacos, o fim do percurso. Para o outro lado da trilha temos o lago dos espelhos, lago negro, prainha das elfas, prainha, gruta dos gnomos e lago das miragens, passamos apenas por algum deles no sábado.

 Início da trilha, o parque é muito bem sinalizado.


 Rio do Salto que nos segue praticamente a trilha inteira.

Dava até pra fazer a trilha pelo rio.

 Ponte de pedra tem altura de 40 metros e o arco da ponte foi formado há muito tempo.


 Vista panorâmica de um dos mirantes pelo meio do caminho.


 Cachoeira dos Macacos

Apesar do solzinho a água estava super gelada e ficamos ali nas pedras mesmo, descansando para a volta, que é mais puxada já que é subida praticamente o tempo inteiro, mas vale a pena. Como não somos de ferro, paramos um tempo no restaurante para recuperar a energia e continuarmos até a sda do parque.
 
 Nossa recuperação


 Infelizmente o tempo começou a virar quando saímos do parque, mas em 2008 eu tirei essa foto.

Não tínhamos almoçado ainda e como havíamos comido uns biscoitinhos, resolvemos só pestiscar mesmo. Chegamos na pousada umas 4 e meia da tarde, tomamos banhos e fomos para o centro da vila. A pousada está em ótimo localização e sendo assim fomos a pé. O ruim é que a vila só tem ladeira (mas nada que canse!) e já estávamos no ritmo, fomos assim mesmo.

O centro da vila é praticamente uma ruazinha e que não tem uma grande diversidade de bares e restaurantes. Paramos no Cleusa's Bar e ficamos na cerveja com salaminho (como os bares são bem juntinhos uns dos outros ainda ficamos ouvido a música ao vivo do bar ao lado). Pedimos uma porção de filézinho aperitivo e linguiça com aipim para finalizar já que estava ficando frio, ventava muito e voltamos para a pousada. Estava tudo bem regado e muito gostoso.

A noite voltamos para o centro e decidimos que seria a noite da pizza (como eu já disse, sempre teremos a noite da pizza). Fomos para a Pizzaria Serra Nostra, restaurante e pizzaria super agradável também, ficamos em uma mesa bem no cantinho e bem quentinhos. Para nosso azar (na verdade acho que foi sorte), estávamos morrendo de fome e nossa pizza veio errada! Digo que foi sorte porque a pizza certa veio em seguida, comemos as 2 pizzas (claro que sobrou) e fomos cobrados por apenas uma. A pizza é MA-RA-VI-LHO-SA, sem mais!

O sábado amanheceu sem sol, mas não nos desanimou. Fomos tomar o café da manhã que por sinal era maravilhoso: sucos, leite, café, pães quentinhos, queijos, presunto, bolos, pão de queijo e o famoso e tradicional pão de canela!



Após essa delícia toda, partimos em rumo a Janela do Céu. Esse circuito é um dos mais interessantes, além de oferecer um dos visuais mais bonitos da região. A trilha é de aproximadamente 16km (ida e volta), ou seja, a caminhada até Janela do Céu é bastante cansativa para iniciantes. 

Existem duas formas de se chegar lá,  uma é pelo mesmo trajeto do dia anterior e a segunda é logo após a entrada do parque. Escolhemos a segunda maneira.



Definitivamente a idade pesa. Em 2008 fiz esse mesmo trajeto e agora eu acho que me cansei muito mais. Até o pico é uma longa subida (e bota longa nisso!), cansei várias vezes (sou dessas), Junior foi embora e eu dizia que tinha que parar para tirar fotos (ótima tática meninas!). Duas horas depois chegamos ao Cruzeiro, nossa primeira parada (parada mesmo!). O tempo estava horrível, não dava pra ver nada e não sabíamos nem pra onde deveríamos continuar, a sorte foi que vimos uma família junto com um senhor. Ele estava de camisa, calça jeans e havaianas e na hora eu pensei: " Vamos seguir este homem porque ele é daqui, quem faz trilha da calça jeans e chinelo?" E foi isso, ele seguiu um caminho e fomos atrás. A neblina melhorou e já conseguíamos enxergar as placas. Próxima parada, gruta do Cruzeiro! 





               Ao descer uma escadinha chegamos na Gruta e para sair tivemos que nos enfiar no buraco.


Após a saído buraco, continuamos pela trilha. Essa parte já estava bem tranquilo, a neblina passou e o percurso é plano. Algumas subidinhas e descidas, mas nada cansativo depois daquela subida toda. Paramos em mais algumas grutas (grutas dos 3 arcos, dos moreiras e dos fugitivos e a lanterna foi super útil), e a janela do céu cada vez mais perto. 


 Grutas dos 3 arcos

Gruta dos fugitivos. Tudo escuro, um breu total e não dá pra ver nada sem a lanterna.


Em um certo ponto existe uma placa em que a Janela do Céu é para um lado e a Cachoeirinha é para outro. Fomos primeiro na Cachoeirinha, já que o caminho para janela do céu era uma descida e preferimos ir para o local plano no momento. Ledo engano, deveríamos ter ido logo para a Janela! Enfim, não conseguimos chegar na Cachoeirinha porque era uma descida enorme e eu só pensava no cansaço para voltar. Tiramos algumas fotos do alto mesmo e seguimos para a Janela do Céu.

Depois de mais uma descida, essa parte foi ótima, após umas 4 horas chegamos no nosso destino. A janela do céu é o início de uma enorme cachoeira cercada por árvores, ou seja, chegamos no topo da cachoeira, o nascer da cachoeira. Junior foi até a beiradinha mas eu não, não gosto de altura, ainda mais assim na beiradinha! Muitas fotos, parada para o lanchinho e hora de voltar. 


 E agora? Pra que lado? rs


 Vista do alto da Cachoeirinha


 Janela do Céu
 Na beiradinha

 Mirante próximo a Janela do Céu (com muito cagaço!)

Não fizemos o mesmo percurso para voltar, em vez de voltar tudo, seguimos pelo trecho da Gruta do Monjolinho. Dizem que esse caminho é mais rápido, mas definitivamente não foi!  A partir da Cachoeirinha, começamos a seguir as placas escritas "Camping". Dizem que são três horas caminhando até a chegada ao camping, pois é DIZEM! 

O problema todo foi que começou a chuviscar e a ventar muito, o primeiro pedaço após a cachoeirinha foi uma luta! Uma subida horrorosa, muitas raízes de árvores e muito barro. O cansaço começou a pegar forte, dor na coluna e nos pés e não sentia mais as minhas coxas. O relacionamento começa a ficar abalado nessas horas.... rsrsrs. Ainda bem que não estávamos sozinhos e um grupo de pessoas estavam atrás da gente... por pouco tempo. Eis que começo a perceber alguma coisa nos meus pés e foi ali que o desespero começou a bater, meu tênis estava descolando! O andar teve que ficar mais devagar e as pessoas nos ultrapassando, a chuva apertava e diminuia, até que cessou de vez. Se tudo desse certo, teríamos parado na gruta do Monjolinho, mas eu só queria um chuveiro quente. As placas do camping estavam mais perto, não passava mais ninguém na trilha pela gente e comecei a ficar na paranóia de que só tinha a gente no parque. Ainda passamos pela prainha, pois era o final do percurso e nem acreditei quando avistei o restaurante, sabia que que ainda tinha 1 km até a entrada do parque. Acho que foi o pior 1 km que já percorri na vida! Só para ter uma idéia começamos a trilha por voltas das 10 horas da manhã e terminamos quase 6 da tarde. Não fomos os últimos a sair do parque, mas praticamente, o estacionamento tinha apenas uns 4 carros.

Muita fome, sede e frio e decidimos almoçar em primeiro lugar, mesmo estando molhados. Eu só queria ficar deitada o resto do dia! Paramos no centro e entramos no primeiro restaurante que vimos e pedimos o famoso PF. Infelizmente não lembro o nome do restaurante, mas era uma delícia (sei que a fome era negra e nessas horas não pensamos muito, mas era gostoso mesmo). Arroz, carne, batata frita e salada, a parte vinha um potinho com feijão e outro com farofa... quer mais que isso? Só sei que eu nem tinha acabado de comer, Junior levantou e foi na padaria ( a única da vila). Voltou com um saco de pão, queijo e presunto e disse que não ia sair a noite de jeito nenhum!

A chegada na pousada foi um sonho realizado, os dois tremendo de frio e correndo para o banho. Finalmente me enfiei debaixo das cobertas quentinhas e claro que o dorflex não poderia faltar. A hipotermia deve ter um início desse jeito, rsrsrs, ainda ganhei uma unha roxa que melhorou ontem!

No domingo, o plano inicial era fazer o circuito do Pião, mas por motivos óbvios não concretizamos. O dia também não ajudou, o tempo continuou nublado e nos restava tomar aquele delicioso café e arrumar as malas. Mais uma vez a Sabrina foi ótima anfitriã, conversamos muito com ela e com outros hóspedes na mesa. Voltamos para casa. 

Apesar de tudo, recomendamos muito Ibitipoca, é um lugar mágico e de uma paz que nem sei explicar. Queremos voltar, afinal ficou faltando coisas e dessa vez com um tênis novinho em folha!
  
Abaixo uma listinha do que você não deve esquecer:

- Leve uma blusa de frio ou casaco. Faz frio de noite e não importa a época do ano (e olha que eu sou calorenta hein!).
- Protetor solar e chapéu. Não sentimos o sol queimar por causa do vento nas trilhas. 
- Toalha para se secar das cachoeiras (no meu caso me protegeu da chuva!)
- Lanterna. Muitas grutas pelo caminho e para não tropeçar é bom levar.
- Uma garrafa de água e lanchinhos para a trilha (frutas, barra de cereal e biscoitinhos)
- Capa de chuva. Vai que acontece a mesma coisa que nos aconteceu. 
- Não tente fazer todos os passeios em um dia só!

E aí, gostou? Então aproveita....